Após oito dias das operações da coalizão internacional na Líbia, o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, declarou que os EUA já repassaram à aliança o controle total da missão que implementa a resolução 1973, aprovada pelas Nações Unidas. Enquanto isso, aeronaves das potências intensificaram bombardeios a capital Trípoli e à Sirte, cidade natal do ditador Muammar Gaddafi.
Ezequiel Scagnetti/Reuters |
Secretário-geral da Otan anunciou que a aliança militar já assumiu o controle total das operações da coalizão na Líbia |
Em reunião de cúpula em Bruxelas, sede da aliança militar, os 28 países-membros da Otan fecharam um acordo para implementar todos os aspectos da resolução 1973 aprovada pelas Nações Unidas.
"Os aliados da Otan decidiram assumir a operação militar na Líbia por completo, sob a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nosso objetivo é proteger os civis e as áreas populadas por civis sob ameaça do regime de Gaddafi. A Otan implementará todos os aspectos da resolução da ONU. Nada mais, nada menos", disse Rasmussen.
A decisão já havia sido antecipada nesta semana pelo chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, após teleconferências com seus colegas dos EUA, França e Reino Unido.
COALIZÃO ATACA PELO AR, REBELDES AVANÇAM POR TERRA
Ao mesmo tempo em que a Otan selou o controle das operações, a coalizão internacional intensificou os ataques sobre a capital Trípoli, e passou a bombardear também a cidade natal do ditador Muammar Gaddafi, Sirte, para onde os rebeldes avançam por terra e onde pretendem chegar nas próximas horas, informou a emissora Al Jazeera.
Andrew Winning/Reuters | ||
Soldados rebeldes preparam ataques na cidade de Ras Lanuf, no leste da Líbia; Otan assumiu as operações |
Após reconquistarem mais duas cidades no leste do país, Ras Lanuf e Ben Jawad, os opositores marcham agora rumo ao oeste.
A previsão é de que eles avancem sobre Sirte nas próximas 24 horas, disse o porta-voz dos revolucionários, Muhamad Mergirby. "Os rebeldes tomaram Ben Jawad e ficaram ali, não continuaram", explicou, adiantando que as tropas da oposição devem aguardar para seguir a marcha.
Após vencer os soldados leais a Gaddafi em Ajdabiyah, 160 quilômetros ao sudoeste de Benghazi (capital dos rebeldes), as forças opositoras tomaram Brega (ainda no sábado) e Ras Lanuf e Ben Jawad neste domingo.
Em seu caminho rumo ao oeste, eles percorreram em seu avanço desde Benghazi cerca de 441 quilômetros em apenas 48 horas.
Andrew Winning/Reuters | ||
Rebelde descansa em Ras Lanuf, estratégica cidade portuária do leste retomada em confrontos no domingo |
O porta-voz dos rebeldes calculou que o regime conta com cerca de 10 mil soldados, enquanto os rebeldes teriam ao menos o dobro, 20 mil. "O problema é que eles estão mais bem equipados com tanques e armas, e os rebeldes só têm armas simples", disse.
Mergirby explicou ainda que daqui até segunda os rebeldes recuperarão as forças e se abastecerão em Ben Jawad até lançar a ofensiva contra Sirte.
"Agora pararam porque é perigoso, e não se movimentarão até que as forças da coalizão internacional bombardeiem primeiro as posições de Gaddafi em Sirte", explicou o representante rebelde.
SOLUÇÃO DIPLOMÁTICA
Também neste domingo o ministro de Exteriores italiano, Franco Frattini, anunciou a possibilidade de que a Itália e a Alemanha proponham um plano conjunto para uma solução diplomática da crise líbia numa cúpula em Londres com seus colegas dos países da coalizão.
"Temos um plano e veremos se poderá se traduzir em uma proposta ítalo-alemã", disse Frattini em entrevista publicada pelo jornal "La Repubblica", na qual acrescentou que essa proposta poderia se traduzir em "um documento conjunto" para ser apresentado na terça-feira em Londres.
Segundo Frattini, o primeiro ponto do plano seria o cessar-fogo, que deverá ser verificado e controlado pelas Nações Unidas, assim como o estabelecimento de um corredor humanitário permanente, no qual, disse, "já estamos trabalhando com o governo turco".
Patrick Baz/AFP | ||
Em Ajdabiyah, cidade retomada ontem (26), rebeldes opositores comemoram com bandeiras da França e da Líbia |
Em relação ao plano político-diplomático, Frattini destacou que sua proposta se baseia em conseguir "um forte compromisso da União Africana e da Liga Árabe", assim como o "envolvimento dos grupos tribais" líbios, com o objetivo de elaborar uma Constituição para esse país.
Sobre o possível papel de Gaddafi, Frattini destacou que depois que toda a Europa e as Nações Unidas tenham repetido que o líder líbio "não é um interlocutor aceitável, não se pode pensar em uma solução que considere sua permanência no poder".
"Outra coisa é pensar em um exílio de Gaddafi, a União Africana já se encarregou de encontrar uma solução", disse o ministro italiano
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