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Mostrando postagens de janeiro, 2012

CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca, não posso cuidar de ti. Vim para amar neste mundo, e até do amor me perdi. De que serviu tecer flores pelas areias do chão, se havia gente dormindo sobre o própro coração? E não pude levantá-la! Choro pelo que não fiz. E pela minha fraqueza é que sou triste e infeliz. Perdoa-me, folha seca! Meus olhos sem força estão velando e rogando áqueles que não se levantarão... Tu és a folha de outono voante pelo jardim. Deixo-te a minha saudade - a melhor parte de mim. Certa de que tudo é vão. Que tudo é menos que o vento, menos que as folhas do chão... Cecília Meireles

Vamos dançar?

    Nos meus tempos, não tão longe assim Dançar era um convite para sonhar acordado Um sonho gostoso acompanhado Enlaçado pelos braços de alguém especial As canções falavam de amor Tocavam fundo nossos corações Naqueles tempos ainda se sonhava A vida tinha algo de faz de conta Havia um sentimento diferente no ar A namorada era a pessoa mais importante de nossa vida O coração batia diferente Gostaria de te-la conhecido naqueles tempos A vida seria diferente Meus sonhos se tornariam realidade Eu seria teu rei e você minha rainha Seriamos um casal deixando a vida passar sem pressa Hummmm que tempo gostoso Só faltava você ao meu lado Me amando como eu a amo Sonhando como eu sempre sonhei Com você...   Eduardo Baqueiro

Apostas

Apostei alto quando você nasceu. Apostei no seu primeiro sorriso e no seu primeiro abraço, que foram todos para mim. Apostei nos teus primeiros passos. Apostei no primeiro dia de escola,  quando pela primeira vez me senti só. Era meu primeiro dia de aprendizado também. Comecei a aprender que um dia não serias mais meu bebê. Teria que entregá-la ao mundo. Teria que vê-la dar adeus e ser dona de sua vida. Apesar de minha perda, o mundo ganharia você, meu bem mais precioso... Mas continuei apostando em você. Apostei nas primeiras amizades que você conquistou. Apostei todas as vezes que vi você aprender. Algumas vezes perdi minhas apostas. Perdi porque, talvez, não soube ensiná-la da melhor maneira possível. Pois sempre desejei que fosse melhor que eu. Que chorasse menos que eu chorei, que sofresse menos... Mas sei que a estrada é só sua, somente você pode caminhar. Mesmo assim continuo e continuarei apostando em você. Ficarei torcendo para

PINTURA

  Desenhei teu rosto na areia fina Numa praia deserta... Perdi horas e horas Tentando fazer com que a figura Interpretasse sua beleza, Que cada traço, cada esboço Lembrasse você Mas, por mais que desejasse, Não conseguia colocar ali Tudo que desejava... Queria que os traços do desenho  Mostrassem o amor e a serenidade Que carregas em teu peito... Nos teus olhos, queria o brilho do carinho que sentes por mim... No cabelo, a carência de um dengo! Em cada curva, queria ver um sentimento que é só seu... Mas quem dera fosse eu um artista Para representar você numa obra! Precisaria ter o dons dos grandes mestres Mas, ai de mim! Por mais que tentasse, jamais conseguiria! Então, deixei o tempo passar, Fiquei ali sonhando acordado com você Até que uma onda veio e levou todo o trabalho, Todo meu carinho por você... Mas não importa Tenho você sempre comigo no meu coração Um lugar onde nada, nem as ondas do mar alcançam para roubar você de mim... Eduardo Baqueiro

Só te vejo

Todas as noites,eu debruçada á janela do meu quarto vejo você passar. Tão lindo,tão formoso, que o teu cheiro fica no ar. Sinto vontade de te dizer boa noite ao velo passar. Mas a timidez me incomoda e eu me vejo todas as noites  debruçada,sem nada a falar. E então me imagino tocando suas mãos, abraçando seu corpo beijando sua boca, para meu coração aquietar. E assim vai, todas as noites debruçada a janela somente  a sonhar... Autor: Celi Luzzi  

"Palavras que ferem"

Daqueles cujo domínio próprio não controla São como bisturi, ferem a aorta contundente. Provocam grandes terremotos, vítimas fatais Corações destroem, intrinsecamente. Armas potentes, machucam, ferem Envenenadas de puro rancor, deixam feridas. Golpes premeditados duramente Fazem sangrar, quando friamente proferidas.  Quem as usa, tem consciência do mal feito. Geralmente das regras e limites é conhecedor Porem um prazer mórbido é sentido Vendo no alvo do ódio, do sangue o sabor. Ironicamente, não se dão conta os desatentos. Os mesmos lábios que profetizam mansidão Pregam o amor, falam de paz e harmonia. Deixam marcas indeléveis, destroem coração.  Ousam citar de Deus o nome, fria realidade. E incapazes de perceber espontaneamente O tronco que lhes atravessa o olho, e os cega. Apontam o cisco, no olhar do semelhante. Talvez, em nome de uma vingança infundada. Quem sabe o coração ferido, seja o argumento. E para pisar, esmagar e ferir brutalmente. Só esperam por uma bre

Inconfesso Desejo

Queria ter coragem Para falar deste segredo Queria poder declarar ao mundo Este amor Não me falta vontade Não me falta desejo Você é minha vontade Meu maior desejo Queria poder gritar Esta loucura saudável Que é estar em teus braços Perdido pelos teus beijos Sentindo-me louco de desejo Queria recitar versos Cantar aos quatros ventos As palavras que brotam Você é a inspiração Minha motivação Queria falar dos sonhos Dizer os meus secretos desejos Que é largar tudo Para viver com você Este inconfesso desejo Carlos Drummond de Andrade

Amor em paz

Eu amei Eu amei, ai de mim, muito mais Do que devia amar E chorei Ao sentir que iria sofrer E me desesperar Foi então Que da minha infinita tristeza Aconteceu você Encontrei em você a razão de viver E de amar em paz E não sofrer mais Nunca mais Porque o amor é a coisa mais triste Quando se desfaz Vinícius de Moraes

As rosas

Nada como ser rosa na vida. Rosa mesmo,ou rosa mulher. Todos querem muito bem a rosa. Quero eu,e sei que você também quer. Ser rosa,tão delicada. Tão perfumada. Queria eu ser. Rosas ,como as rosas. As mais cheirosas. Como nunca ninguém sentiu...

Desatinos

Dizes que sou uma estrela, Que ando distante! Sim! Eu sei que sou! Mas, como a luz das estrelas, Minha luz chega até você... Talvez ela não te aqueça o corpo Mas, certamente, te ilumina o caminho! Tem coisas de mim que desconheces... Dizem que não sou de confiança, Não me importo com isto! Eu apenas sou calado E o meu silêncio pode ser interpretado de várias formas... Não me importo com o que dizem ou pensam de mim. Eu apenas sou o que sou! Não preciso provar nada a ninguém! Se quiseres me amar, ama Mas me ame como sou... Não me queiras ter como desejas  que eu seja, assim eu não estarei livre... e, preso, serei como um pássaro cativo, esquecerei meu canto, Deixarei de ser eu e não serei ninguém... Se me amas, como dizes, Me aceita como sou... Não sou igual a ninguém, Nem melhor, nem pior... Apenas sou eu, nada mais! E te amo! Te amo do meu jeito, Porque é impossível não te amar, Porque aceito você do jeito que és, Não importam teus medos, Eles também são meus.. O que realmente impor

Canção

Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; - depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito; praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas. Vecília Meireles

Minha menina

           Sempre que olho para o céu Sinto uma vontade de ter asas Voar para te encontrar Uma vontade de possuir você   Você que me ama Sabe o que sinto Quando olho para o céu Às vezes chega até doer   As estrelas me lembram você Tão linda, tão iluminada Mas tão distante de mim Perdoe-me amor   Não me canso de pensar Que um dia poderei tocar você Dizer pessoalmente O bem que me fazes O quanto és importante   Às vezes penso que você é apenas um sonho... Que um dia eu irei acordar E viver somente da saudade que sentirei de você   Hoje está frio em meu quarto Sinto mais ainda tua falta Vontade de tirar você dos meus sonhos e trazê-la para minha realidade   Ouço tua voz dizendo que me ama e que és minha menina Me entristeço, confesso... Não sei se devia... Mas o que fazer se te amo demais?   O mar traz tua lembrança Sei que tua essência vem dele Assim como a minha também Por isso sinto tua falta   Teu amor me alimenta Teus dengos me animam Teus carinhos me excitam Tua voz me embriaga  

Aquilo que não fomos

Ninguém tem culpa daquilo que não fomos. Não ouve erros. Nem cálculos falhados. Sobre a estipe de papel; Apenas não somos os calculistas. Porem os calculados. Não somos os desenhistas. Mas os desenhados. E muito menos escrevemos versos. E sim somos escritos. Ninguém é culpado de nada. Neste estranhar constante. Ao longe uma chuva fina. Molha aquilo que não fomos...

Felicidade

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! Fernando Pessoa

Meu amor por ti

  Eu nunca pensei que pudesse amar alguém como amo você! Nunca imaginei que este mundo chamado virtual fizesse meu coração sonhar da forma como faço com você... Hoje eu entendo o porquê deste amor que transcende barreiras... Deste amor que se renova a cada instante... Nossa origem espiritual se faz valer neste mundo novo, mas que conhecemos tão bem como se fosse sempre nosso. E, na verdade, agora, este mundo é nosso. Difere do mundo espiritual apenas porque ainda estamos presos à matéria... Nossos corpos são prisões que retêm nossas asas... Somos dois pássaros aprisionados numa gaiola de carne, esperando o tempo dar o sinal para o vôo derradeiro. Enquanto isto o amor agita nossos corações, A esperança é o nosso alento, é o sol que ilumina a minha estrada, que também é sua, é só nossa... Querida, não deixe que a rotina desgaste nosso caminhar Mesmo que ele seja lento... Nos momentos em que tudo parece desabar, conserve em ti a certeza de que sempre estarei dentro de tua alma, como uma

Estranho amor

Eu amo tudo o que foi Tudo o que já não é A dor que já não me dói A antiga e errônea fé O ontem que a dor deixou O que deixou alegria Só porque foi, e voou E hoje é já outro dia. Fernando Pessoa

Reflexos

Ah! Esses reflexos de alma! Golpeiam-me com raios de indecisões Ensurdecem-me com seus relampejar Fulguram inesperadamente meu refúgio Descalçam o equilíbrio Precipitando-me na calmaria de uma tempestade no mar! É tempo de tormenta Desordem de natureza em mim Inundam-me de Realidade  submergindo meus sonhos Meus olhos marejam Saudades de ti!   Pálida reflete a estória! Silhueta de seu corpo. Fragrância que me aquece na madrugada. Jornadeio em teu corpo prazeres de caminhos ou carinhos. De seus poemas tramo  cortinas de excessiva volúpia. Folgo com teus versos como me deliciasse em ti prazeres sensuais. Comprimo as letras e trago seu mais depurado vinho E, ébria nesse jogo solitário A incontrolável e confundida razão Depara-se  e deleita-se  ilusões. Enfim toco o seu coração ! O espelho de meu viver se faz assim canto de Condor. Um parir noturno que gera repetitivamente o dia É o meu viver em devaneios Sonhando viver voc

Esvaziar-se de tudo

Esquecer de tudo Entrar num mundo quieto e mudo... Sentir apenas um calor Aquecer o corpo todo E num amor profundo Ser rodeado só de amor... E em cada canto Em qualquer espaço Nunca sentir o pranto Mas apenas sentir o abraço... Amar, apenas amar Esquecer de tudo Sem nunca reclamar Dos dias escuros Nos olhar ler o poema mundo Duma paixão louca Sem limite ou futuro... E gritar até a voz rouca Que o mundo é esquecer Só o sol, o sol do amor Deve a alma esquecer...

Melancolia

É tão pouco o que eu desejo. Mas é tudo o que me falta. Só porque a flor do teu beijo. Pende a rama tão alta. Ninguém sabe o que suporta. O amor que chora na areia. Por essa tristeza morta. Das noites de lua cheia. Em baixo,o pranto das águas. Em cima,a lua serena. E eu,pensando em minhas maguas. Ouço o mar, e tenho pena.

Esforço do nada

"Se naquele instante - refletiu Eugênio - caísse na Terra um habitante de Marte, havia de ficar embasbacado ao verificar que num dia tão maravilhosamente belo e macio, de sol tão dourado, os homens em sua maioria estavam metidos em escritórios, oficinas, fábricas... E se perguntasse a qualquer um deles: 'Homem, por que trabalhas com tanta fúria durante todas as horas de sol?' - ouviria esta resposta singular: 'Para ganhar a vida'. E no entanto a vida ali estava a se oferecer toda, numa gratuidade milagrosa. Os homens viviam tão ofuscados por desejos ambiciosos que nem sequer davam por ela. Nem com todas as conquistas da inteligência tinham descoberto um meio de trabalhar menos e viver mais. Agitavam-se na Terra e não se conheciam uns aos outros, não se amavam como deviam. A competição os transformava em inimigos. E havia muitos séculos, tinham crucificado um profeta que se esforçava por lhes mostrar que eles eram irmãos, apenas e sempre irmãos." Erico Verissi

CANÇÃO DE OUTONO*

  O outono toca realejo No pátio da minha vida. Velha canção, sempre a mesma, Sob a vidraça descida... Tristeza? Encanto? Desejo? Como é possível sabê-lo? Um gozo incerto e dorido de carícia a contrapelo... Partir, ó alma, que dizes? Colhe as horas, em suma... mas os caminhos do Outono Vão dar em parte alguma!

OBSESSÃO DO MAR OCEANO

Vou andando feliz pelas ruas sem nome... Que vento bom sopra do Mar Oceano! Meu amor eu nem sei como se chama, Nem sei se é muito longe o Mar Oceano... Mas há vasos cobertos de conchinhas Sobre as mesas... e moças na janelas Com brincos e pulseiras de coral... Búzios calçando portas... caravelas Sonhando imóveis sobre velhos pianos... Nisto, Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous, E eu me lembrei do pobre imperador Adriano, De su'alma perdida e vaga na neblina... Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano! Se eu morresse amanhã, só deixaria, só, Uma caixa de música Uma bússola Um mapa figurado Uns poemas cheios de beleza única De estarem inconclusos... Mas como sopra o vento nestas ruas de outono! E eu nem sei, eu nem sei como te chamas... Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano, Quando eu também já não tiver mais nome.

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentando Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. E posso te dizer que o grande afeto que te deixo Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas Nem as misteriosas palavras dos véus da alma... É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias E só te pede que te repouses quieta, muito quieta E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora. Vinícius de Moraes

Percepção

É fácil trocar as palavras Difícil é interpretar os silêncios! É fácil caminhar lado a lado, Difícil é saber como se encontrar! É fácil beijar o rosto, Difícil é chegar ao coração! É fácil apertar as mãos, Difícil é reter o calor! É fácil sentir o amor, Difícil é conter sua torrente! Como é por dentro outra pessoa? Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo Com que não há comunicação possível, Com que não há verdadeiro entendimento. Nada sabemos da alma Senão da nossa; As dos outros são olhares, São gestos, são palavras, Com a suposição De qualquer semelhança no fundo." Fernando Pessoa

Timidez

  Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve... - mas só esse eu não farei. Uma palavra caída das montanhas dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes... - palavra que não direi. Para que tu me adivinhes, entre os ventos taciturnos, apago meus pensamentos, ponho vestidos noturnos, - que amargamente inventei. E, enquanto não me descobres, os mundos vão navegando nos ares certos do tempo, até não se sabe quando... e um dia me acabarei.

Cigana

  Caminhava a pé,  perdido dentro de minhas idéias... Desligado do mundo,  não sabia que caminho tomar Até que apareceu uma cigana da pele morena, Me estendeu a mão...  pediu a minha mão Não desejava nada além de ler minhas mãos Falou de meu passado, das derrotas, das amarguras... Pediu que refletisse sobre minha vida, Que olhasse para trás e a assistisse Como em um filme... Que somasse as tristezas, as desilusões, as perdas... Colocasse de um lado da balança! Que assistisse novamente ao mesmo filme Mas que somasse, agora,   os poucos momentos de alegria, As poucas vitórias sobre mim mesmo, As poucas conquistas, mas que não deixasse de fora os amigos e os amores de minha vida... Revi minha mãe ao meu lado Sempre com seu sorriso tranqüilo... Revi os amigos, alguns já perdi de vista Outros ainda estão ao meu lado me aturando... Revi os amores que passaram e vi você, minha menina, meu unico amor... A cigana pediu para pesar na minha balança E vi que minha vida não poderia ser melhor... A