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Mostrando postagens de novembro, 2014

Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças, Mudas telepáticas Pensem nas meninas, Cegas inexatas Pensem nas mulheres, Rotas alteradas Pensem nas feridas, Como rosas cálidas; Mas, oh, não se esqueçam da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima: A rosa hereditária A rosa radioativa, estúpida e inválida A rosa com cirrose, A anti-rosa atômica; Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada Vinicius de Moraes

Luzes da Ribalta

Vidas que se acabam a sorrir Luzes que se apagam, nada mais É sonhar em vão tentar aos outros iludir Se o que se foi pra nós Não voltará jamais Para que chorar o que passou Lamentar perdidas ilusões Se o ideal que sempre nos acalentou Renascerá em outros corações Charles Chaplin

Torturas de Amor

Hoje que a noite está calma   E que minh'alma esperava por ti   Apareceste afinal, t orturando este ser que te adora, v olta! fica comigo   Só mais uma noite, quero viver junto a ti.  Volta,  meu amor, f ica comigo não me desprezes; a  noite é nossa, e  o meu amor pertence a ti, h oje eu quero paz, q uero ternura em nossas vidas, q uero viver por toda vida   Pensando em ti. Waldick Soriano

Luiza

Rua, espada nua Boia no céu imensa e amarela Tão redonda a lua, como flutua Vem navegando o azul do firmamento E no silêncio lento, um trovador, cheio de estrelas Escuta agora a canção que eu fiz, Pra te esquecer Luiza Eu sou apenas um pobre amador, apaixonado Um aprendiz do teu amor, acorda amor Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração. Vem cá, Luiza, me dá tua mão O teu desejo é sempre o meu desejo Vem, me exorciza, Dá-me tua boca E a rosa louca, vem me dar um beijo E um raio de sol, nos teus cabelos Como um brilhante que partindo a luz Explode em sete cores, revelando então os sete mil amores Que eu guardei somente pra te dar Luiza. Tom Jobim

Chuva de verão

Veio feito nuvem numa ventania Cheia de paixão tarde de verão chovia Entrou pelos meus olhos sutil e tão fugaz Fera fugitiva numa tentativa de paz Relaxou meus nervos sentimento alado Senti minar na pele transpirar de leve pecado Revirei teus poros relâmpago e Viril Rajada de vento em beijos turbulentos seduziu Navegar teus sonhos regar teu sentimento Orvalho de amor flor de pensamento Nuvem passageira inverno de paixão Amor de primavera em chuvas de verão Relaxou meus nervos sentimento alado... Navegar teus sonhos regar teu sentimento Orvalho de amor flor de pensamento Nuvem passageira inverno de paixão Amor de primavera em chuvas de verão Navegar teus sonhos regar teu sentimento Orvalho de amor flor de pensamento Nuvem passageira inverno de paixão José Augusto

Anunciação

Na bruma leve das paixões,  Que vêm de dentro,  Tu vens chegando,  Pra brincar no meu quintal;  No teu cavalo,  Peito nu, cabelo ao vento;  E o sol quarando,  Nossas roupas no varal.  Na bruma leve das paixões,  Que vêm de dentro,  Tu vens chegando,  Pra brincar no meu quintal,  No teu cavalo,  Peito nu, cabelo ao vento,  E o sol quarando,  Nossas roupas no varal. Tu vens, tu vens,  Eu já escuto os teus sinais,  Tu vens, tu vens,  Eu já escuto os teus sinais. A voz do anjo,  Sussurrou no meu ouvido,  Eu não duvido,  Já escuto os teus sinais,  Que tu virias,  Numa manhã de domingo,  Eu te anuncio,  Nos sinos das catedrais. A voz do anjo,  Sussurrou no meu ouvido,  Eu não duvido,  Já escuto os teus sinais,  Que tu virias,  Numa manhã de domingo,  Eu te anuncio,  Nos sinos das catedrais Alceu Valença

Os Estatutos do homem

Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida,e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira. Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito  a abrir-se dentro da sombra;  e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,  abertas para o verde onde cresce a esperança. Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. Thiago de Mello

Calango Vascaíno

Eu quis namorar a pobre, pobretão não quis deixar; Só queria moço rico, Pra com ela namorar. Eu quis namorar a rica, Henricão não quis deixar, pois sonhou com moço nobre, pra com ela se casar. Tentei namorar a preta, o negão não quis deixar, tinha que ser moço louro, pra poder chegar pra lá. Tentei namorar a loira, seu loiro não quis deixar, tinha que ser bem moreno, pra poder miscigenar. Tô sem consolo, Ninguém vem me consolar, Vou cantando meu calango, Que é pra vida melhorar. O meu calango, até a vida melhorar E minha única alegria é ver o Vasco jogar; m inha alegria é  ver o Vasco jogar;  Eu tô cansado da derrota Mas não vou me entregar; é de derrota, mas não vou me entregar E se a morte é um descanso, eu não quero descansar. Martinho da Vila

Sonda-me, Usa-me

Sonda-me, senhor e me conheces Quebranta o  meu coração, transforma-me conforme a tua palavra e enche-me até que em mim se ache só a ti, então u sa-me  senhor, u sa-me Como um farol que brilha à noite Como ponte sobre as águas Como abrigo no deserto Como flecha que acerta o alvo Eu quero ser usado da maneira que te agrade, em qualquer hora e em qualquer lugar, eis aqui a minha vida Usa-me senhor, usa-me, s onda-me, senhor e  me conhece, q uebranta o meu coração, t ransforma-me conforme a tua palavra e  enche-me até que em mim s e ache só a ti, então u sa-me, senhor, u sa-me Como um farol que brilha à noite Como ponte sobre as águas Como abrigo no deserto Como flecha que acerta o alvo Eu quero ser usado da maneira que te agrade qualquer hora e em qualquer lugar eis aqui a minha vida u sa-me, senhor u sa-me Sonda-me quebranta-me Transforma-me enche-me e usa-me Sonda-me quebranta-me Transforma-me enche-me e usa-me Sonda-me Quebranta-me Transforma-me Enche-me E usa

Campo minado

Já andei por tantas terras Já venci mil guerras Já levei porradas dominei meu medo Já cavei trincheiras no meu coração Descobri nos pesadelos sonhos mutilados E acordei no meio de anjos cansados De serem usados pela solidão Ah! Meu coração é um campo minado Muito cuidado ele pode explodir E se depois de tão dilacerado For desarmado por quem há de vir Alguém que queira compensar a dor Plantar o sonho e ver nascer a flor Alguém que queira então me residir E explodir meu coração de amor